VII
Fosse eu a noite
a cingir tua cintura
quando caminhas
na solidão da megalópole
De brilhos me faria
para só vires meus olhos
e de veludo meu corpo
para o teu se inclinaria
Fosse eu a primavera
que antes do tempo se anuncia
num moderato cantabile
Em sedoso amanhecer
o tempo hibernal
subverteria
Para fazer demorar
no teu ventre
uma tépida calmaria.
XV
Pelos jardins do teu corpo
beijo a árvore que és em todas as folhas
e tua cascata de seda, rósea,
deixando pela pele uma lembrança de heras
Quando me tocas
súbito sou
poema de antigas ramagens
desejo secular
túnel
mergulho
o mais fundo
epigrama noturno.
XXII – ORGASMO
Escuto
este silêncio no meu sangue
rio suaviloquente na noite
azul e brilhante
É assim que
aflui aos lábios:
com delicadeza
E propaga
em longas ondas pela treva
sua música de seda.